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sábado, 15 de setembro de 2012

Após beber...


A cabeça latejava incessantemente. Será que era o efeito do vinho da noite anterior? Não tinha dúvidas disso. Bebera porque se sentia covarde. Não teve coragem suficiente para encarar a situação de frente. Um homem tão experiente como ele... Sentira vontade de dizer, gritar tudo que estava preso na sua garganta, mas não teve coragem e se refugiou no álcool. Dizem que o álcool liberta a língua para as verdades. Ele não se sentira tão corajoso depois de beber uma garrafa inteira de vinho. Olhou de um lado para o outro do quarto desarrumado. Sinceramente, não se lembrava de muita coisa da noite anterior. Focou num pedaço de papel em cima da mesa-de-cabeceira e leu o seguinte:

“Minha cara,
Fui covarde hoje por não ter olhado em seus olhos. Íamos em direções diferentes, como se fôssemos ao encontro do outro, sei que deveria ter olhado em seus olhos e, pelo menos, ter desejado boa noite, mas não fui capaz. Me sinto um covarde da pior espécie, sim um covarde da pior espécie, mas não tenho como voltar no tempo e fazer as coisas de forma diferente. Tenho como companhia nesta noite uma garrafa de vinho do porto, sei das conseqüências que esse ato me trará, mas precisava fazer algo para esquecer meu crime. Sim eu deveria ter, pelo menos, olhado em seus olhos, mesmo que não trocássemos palavras eu deveria ter vislumbrado sua face. O terror por ter cometido tão grande covardia me consome.”

Passaria horas se perguntando como seria se tivesse encarado a situação de frente...

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