Precisava ir embora. Viu-o
deitado na rede. A figura paterna outrora tão forte agora parecia tão frágil.
Aproximou-se e pediu a benção. A preocupação no olhar de ambos. As lagrimas
botaram discretamente. Um abraço apertado, um sussurro ao pé do ouvido: “Papai
te ama.” Naquele curto momento as lembranças de sua infância vieram fortes.
“Perdida na multidão, com medo, sozinha. A mão calejada em seu ombro, o abraço
terno e as lágrimas no rosto. As desculpas pedidas em silencio. As noites e
madrugadas que ele a velara. Quantas e quantas vezes entrara em seu quarto
apenas para dizer aquelas três palavras.” Soltou-se e olhou para aqueles olhos
castanhos, tão sábios, tão sofridos, tão amados. Uma lágrima solitária escorreu
por seu rosto. Ela sorriu e disse: “eu também amo muito o senhor” Deu-lhe um
beijo na testa e saiu do quarto. Despediu-se da mãe e do irmão. No caminho as
lagrimas corriam soltas. Olhou para noite escura e sentiu saudades de quando
era uma criança.
Nenhum comentário:
Postar um comentário