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segunda-feira, 15 de outubro de 2012

Uma rosa...


Uma flor estendida no chão. As pétalas já meio murchas, pelo frio, pelo tempo, pela solidão. Algumas delas jaziam sozinhas, perdidas, espalhadas pela calçada. Um vermelho vivo cuja vida esvaía-se em sua cor. Ela parece triste hoje, mas ontem não. Ontem estava feliz e a rosa dançava entre seus dedos. Uma rosa roubada e estendida para si por outrem com um sorriso nos lábios. Uma rosa roubada do jardim e que roubou outra coisa de si que ela não sabia explicar. De mãos dadas, ambos transformaram a noite em algo doce e triste, ao mesmo tempo. Era o início e o fim caminhando lado a lado também. O início de algo bonito, mas proibido. E o fim de algo triste, mas doce.
A manhã trouxe um aperto sufocante na garganta, um aperto que corrói por dentro aos poucos. É uma falta de coisas que ela não viveu, uma saudade de outras que não voltarão, uma vontade de ter coisas que não pode. É um aperto que preenche mais uma manhã vazia, preenche de sentimentos que não preenchem. Saudade, vontade, tristeza, ondas de um nada sem sentido.
O pior não é estar triste. Pior mesmo é já ter sido feliz. É ter uma noite linda e, depois, encarar a manhã. E o amanhã. Difícil é voltar à rotina, depois de se perder numa noite de lembranças nebulosas. Mas ela sabe que passará, como tudo sempre passou pela sua vida. Intenso, rápido e devastador. A felicidade, a realidade e o vazio.
Na manhã seguinte já não será assim. Ela sabe. A vida seguirá em frente e as lembranças nebulosas serão deixadas na calçada como a rosa vermelha. E como tal se perderá no tempo. Até que outra rosa lhe traga outra noite, outras alegrias e tristezas.

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